Azoospermia: a complexidade da ausência de espermatozoides

""Fertilidade masculina não é destino. É ciência, é prevenção, é cuidado". - Prof. Dr. Dr. Ashok Agarwal (Urologista Diretor do Centro de Andrologia e Diretor de Pesquisa do Centro Americano de Medicina Reprodutiva)

Publicado em Abril 22, 2025

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Epidemiologia

A azoospermia é definida como a ausência completa de espermatozoides no ejaculado, afetando aproximadamente 1% da população masculina e até 10% dos homens com infertilidade. Pode ser classificada em dois principais tipos:

Azoospermia obstrutiva (AO): representa cerca de 40% dos casos e resulta de obstruções ao longo do trato genital masculino.

Azoospermia não obstrutiva (ANO): corresponde a 60% dos casos, geralmente decorrente de alterações na produção de espermatozoides nos testículos.

Quadro Clínico

A azoospermia, por si só, não apresenta sintomas específicos, sendo frequentemente diagnosticada durante a investigação da infertilidade. A maioria dos sinais e sintomas associados está relacionada às suas causas, que são amplas e variáveis, e podem incluir:

Volume testicular reduzido, em alguns casos de azoospermia não obstrutiva;

Redução do volume ejaculado, em alguns casos de azoospermia obstrutiva;

Ausência de ductos deferentes palpáveis em indivíduos com fibrose cística ou anomalias congênitas;

Histórico de infecções genitais, trauma escrotal ou cirurgias prévias;

Disfunções hormonais com sintomas sexuais (alterações da libido, ereção e ejaculação) ou do desenvolvimento sexual.

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Diagnóstico

O diagnóstico da azoospermia é feito por meio da análise do sêmen (espermograma), repetida em pelo menos duas amostras, que confirma a ausência de espermatozoides no ejaculado. A diferenciação e investigação das causas de azoospermia requerem uma avaliação rigorosa e detalhada, que deve incluir:


 Histórico clínico: antecedentes familiares e pessoais de doenças, uso de
medicações e cirurgias prévias, hábitos de vida, histórico de infecções genitais, trauma escrotal, uso de anabolizantes e testosterona exógena, além da exposição a gonadotóxicos (substâncias e situações que causam danos aos testículos).
 Exame físico: avaliação do volume testicular, presença de varicocele e alterações anatômicas das estruturas do trato genital (ductos deferentes, epidídimos).
 Dosagens hormonais: exames de sangue para avaliação do eixo hormonal responsável pelo funcionamento adequado dos testículos.

Além dessas avaliações, dependendo do caso, podem ser necessários:

 Ultrassonografia escrotal: para identificar sinais de obstrução, atrofia testicular ou varicocele.
 Análises genéticas: podem incluir pesquisa de microdeleções do cromossomo Y e cariótipo, especialmente em casos de azoospermia não obstrutiva, além da investigação de alterações genéticas associadas a azoospermia obstrutiva.
 Biópsia testicular: em casos de exceção pode ser indicada para avaliar a
produção de espermatozoides e diferencias entre causas obstrutivas e não obstrutivas.

 

Tratamento


O tratamento da azoospermia depende de sua causa. Em alguns casos é possível reverter o quadro, com o retorno dos espermatozoides ao ejaculado; em outros pode-se obter espermatozoides diretamente dos órgãos do trato genital (epidídimos e testículos) por meio de procedimentos cirúrgicos. Infelizmente, há situações em que não é possível obter espermatozoides.

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De forma geral, as possibilidades de tratamento incluem:


Azoospermia Obstrutiva


 Desobstrução ou reconstrução cirúrgica do trato genital: indicada em casos
de obstrução adquirida, como após vasectomia.
 Recuperação de espermatozoides: quando a reconstrução não é possível ou
falha, pode-se recorrer à recuperação cirúrgica de espermatozoides dos
epidídimos para uso em fertilização in vitro (ICSI). As técnicas incluem PESA
(aspiração percutânea de espermatozoides do epidídimo) e MESA (aspiração
microcirúrgica de espermatozoides do epidídimo), com boas taxas de sucesso.

 

Azoospermia Não Obstrutiva

 Modulação hormonal: em casos selecionados a regulação do eixo hormonal
pode restaurar ou otimizar a produção de espermatozoides, possibilitando seu
retorno ao ejaculado.
 Recuperação de espermatozoides: na maioria dos casos de azoospermia não obstrutiva é necessário recorrer à recuperação cirúrgica de espermatozoides dos testículos para uso em fertilização in vitro (ICSI). As técnicas incluem TESA (aspiração percutânea de espermatozoides do testículo), TESE (extração cirúrgica de espermatozoides do testículo) e microTESE (extração microcirúrgica de espermatozoides do testículo). As taxas de sucesso médias dessas técnicas giram em torno de 30-50%.

O aconselhamento genético e psicológico também é recomendado para casais em tratamento para azoospermia, especialmente quando há implicações hereditárias ou dificuldades emocionais associadas à infertilidade.

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Dr. Caio Bosquê Hidalgo Ribeiro

▪️Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/UNESP)

▪️Residência médica em Cirurgia Geral e Urologia pela Escola Paulista de Medicina (EPM/UNIFESP)

▪️Fellowship em Reprodução Assistida pela Escola Paulista de Medicina (EPM/UNIFESP)

▪️Membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)

▪️Médica Urologista da GAVVA Clínica (@gavvaclinica) Medicina Reprodutiva e Oncofertilidade

CRM-SP 169.066 | RQE 113357

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