Gêmeos monozigóticos (idênticos)

Esses gêmeos são originados de um único óvulo fecundado por um espermatozóide, que se divide em dois embriões. Como vieram do mesmo óvulo, compartilham o mesmo material genético, sendo, portanto, geneticamente idênticos. Eles têm o mesmo sexo e geralmente aparência física muito parecida. 

Dependendo de quando essa divisão ocorre, os gêmeos podem ou não compartilhar a mesma placenta e o mesmo saco gestacional:

• Monocoriônicos, monoamnióticos: mesma placenta e mesmo saco gestacional — mais raro e exige maior vigilância.
  
  
• Monocoriônicos, diamnióticos: mesma placenta, mas com sacos gestacionais separados.
  
• Dicoriônicos, diamnióticos: placentas separadas e sacos gestacionais separados (mais comum entre os dizigóticos, mas pode ocorrer nos monozigóticos se a divisão for muito precoce). 

Gêmeos dizigóticos (não idênticos)

Neste caso, dois óvulos diferentes são fecundados por dois espermatozóides distintos. Por isso, os gêmeos são geneticamente diferentes. Eles podem ser do mesmo ou de sexos diferentes, com características físicas distintas.

Essa é a forma mais comum de gemelaridade, especialmente em casos de fertilização in vitro ou uso de medicamentos indutores de ovulação.

Eles sempre têm placentas e sacos gestacionais separados (gestação dicoriônica e diamniótica).

 

Como saber que estou grávida de gêmeos?

Na maioria dos casos, a gestação gemelar é descoberta no ultrassom do primeiro trimestre, geralmente entre a 6ª e a 10ª semana de gestação.

Nesse exame, o médico pode identificar:

• Número de sacos gestacionais;
  
  
• Número de embriões e batimentos cardíacos;
  
  
• Presença de uma ou duas placentas (corionicidade);
  
  
• Se os fetos estão em sacos separados ou não (amnionicidade).
  
  

Essas informações são fundamentais para o acompanhamento da gravidez, pois os cuidados variam conforme o tipo de gemelaridade.

Gravidez gemelar é de alto risco?

Sim, a gestação gemelar é considerada de maior risco comparada a uma gestação única. Isso não significa que haverá problemas, mas exige um acompanhamento mais rigoroso, pois há maior chance de:

• Prematuridade (parto antes da 37ª semana);
  
  
• Pré-eclâmpsia (pressão alta na gravidez);
  
  
• Diabetes gestacional;
  
  
• Restrição de crescimento intrauterino;
  
  
• Síndrome da transfusão feto-fetal (em gêmeos que compartilham a placenta);
  
  

Por isso, é comum que o número de consultas e ultrassons seja maior, e em alguns casos, o parto pode ser programado antes da data prevista.

Quais são os cuidados durante a gestação de gêmeos?

Os cuidados são parecidos com os de uma gestação única, mas com mais atenção a certos aspectos:

 

1. Pré-natal 

O acompanhamento com o obstetra deve ser mais frequente. Muitas gestantes gemelares fazem consultas quinzenais ou até semanais.

2. Ultrassons frequentes

Servem para monitorar o crescimento dos bebês, o volume de líquido amniótico, a posição fetal e a vitalidade dos fetos. Além de realizar a vigilância de possíveis complicações inerentes da gestação gemelar. 

3. Alimentação adequada

A demanda nutricional é maior, e a mãe precisa de mais calorias, ferro, cálcio, proteínas e ácido fólico. Suplementos podem ser indicados.

 

Como será o parto de gêmeos? Precisa ser cesárea?

Depende de alguns fatores, como:

• Tipo de gemelaridade;
  
  
• Posição dos bebês;
  
  
• Idade gestacional;
  
  
• Condições de saúde da mãe e dos fetos.
  
  

A via de parto pode ser vaginal, principalmente se os dois bebês estiverem com a cabeça para baixo e não houver complicações. No entanto, muitas gestações gemelares acabam em cesariana, por segurança ou desejo materno.

O parto geralmente acontece entre a 36ª e a 38ª semana, mesmo que não haja trabalho de parto espontâneo. Cada tipo de gestação gemelar tem sua idade limite de parto que será definida ao longo do seguimento pré natal. 

E depois do parto? 

No pós-parto, a mãe de gêmeos precisa de bastante apoio, tanto físico quanto emocional. A amamentação pode ser desafiadora, mas é possível amamentar dois bebês com sucesso — e há consultoras de amamentação que podem ajudar.

O cansaço é maior, e o suporte da família é essencial para que a mãe possa descansar, se alimentar bem e cuidar de si. O acompanhamento com o pediatra também será mais frequente nos primeiros meses.

 

Fatores que aumentam a chance de gravidez gemelar

Alguns fatores tornam a gemelaridade mais provável:

• Idade materna acima de 30 anos
• Tratamentos de fertilidade (indutores de ovulação ou fertilização in vitro)
  

Conclusão:

A gestação de gêmeos é uma experiência única, repleta de emoções e desafios. Com o acompanhamento adequado e os cuidados certos, é possível viver essa jornada de forma segura e saudável.

Se você descobriu que está esperando gêmeos, prepare-se para o dobro de amor, o dobro de descobertas — e também para o dobro de cuidados. Mas não se preocupe: você não está sozinha nessa. Com apoio médico e familiar, tudo fica mais leve.

Dra. Rachel Freitas Lopes Nunes

▪️Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

▪️Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Federal de Minas Gerais/Hospital das Clínicas (UFMG)

▪️Residência Médica em Medicina Fetal pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo/Hospital das Clínicas (FMUSP)

▪️Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)

▪️Médica assistente na maternidade Vila Nova Star

▪️Ginecologista e Obstétra da GAVVA Clínica ( @gavva.clinica ) Medicina Reprodutiva e Oncofertilidade

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